Sete de setembro, feriado numa quarta-feira, pra quebrar a rotina da semana.
Inicialmente iríamos para Joanópolis/SP, curtir umas trilhas e cachoeiras, mas dona patroa mudou de ideia e preferiu algo mais perto de casa. Algum lugar que pudéssemos levar as crianças (afilhado e sobrinha). Escolhemos o Parque do Varvito, na cidade de Itu/SP.
Varvito é o nome utilizado pelos geólogos para denominar um tipo de rocha sedimentar única, formada pela sucessão repetitiva de lâminas ou camadas, cada uma delas depositada durante o intervalo de um ano.
O varvito de Itu é a mais importante exposição conhecida desse tipo de rocha na América do Sul.
Em termos geológicos, o varvito faz parte de um pacote de rochas sedimentares que contêm evidências de uma extensa idade glacial, há 280 milhões de anos, quando um enorme manto ou lençol de gelo cobriu a região sudeste da América do Sul.
Fonte: www.itu.com.br
Apesar da importância relatada acima, não há sinalização na Rodovia Dep. Archimedes Lamoglia (SP-079). Pelo menos não para quem vai sentido Sorocaba. O acesso é pelo Km 76 da SP-079. A placa indicativa está escrito “Estrada Itu-Carvalho”. A saída é onde hoje tem uma concessionária da Volkswagen. Logo que pegamos esse acesso, já tem uma placa com o nome do parque.
A entrada do parque é gratuita, e funciona das 8h às 18h.
O parque é bastante interessante. Não tem muito o que fazer lá. Há alguns brinquedos para crianças (são dois playgrounds) e de resto é um local para descansar, fazer um lanche, ler um livro… O local dispõe de lanchonete e sanitários, além de bebedouro.
Incrível os paredões de varvito. E imaginar que já houve muito gelo naquele lugar.
Como se formou o Varvito
Durante a primavera-verão, quando a temperatura torna-se mais quente, a água gerada pelo derretimento do gelo é mais abundante, transportando maior quantidade de areia, silte e argila para dentro do lago, onde eles espalham-se através de enxurradas densas, resultando nas camadas ou lâminas mais espessas e claras. Nessa época, pedaços de gelo podem se soltar da frente da geleira, situada junto à margem do lago, e formar icebergs (gelo flutuante) que, por derretimento, desaparecem, liberando no fundo do lago, possíveis detritos que carreguem, inclusive seixos, calhaus e matações.
No outono-inverno, ao contrário, as temperaturas são mais frias, as águas de derretimento cessam de correr e a superfície do lago congela. Desse modo, as partículas ou grãos mais finos de silte e argila, que permaneciam suspensos na água, podem assentar-se no fundo do lago, formando as lâminas escuras e finas de cada verve.
Vários cientistas estudaram cuidadosamente o varvito de Itu, à procura de evidências de que a deposição de cada camada ou lâmina ocorreu realmente durante o período de um ano.
Fonte: painel informativo no parque.
A idade do Varvito
O varvito de Itu faz parte de um pacote de rochas sedimentares depositadas na Bacia do Paraná, imensa área sedimentar que cobre, principalmente o Sudeste e Sul do Brasil. Esse conjunto de rochas, que recebe o nome de Grupo Itararé, contém evidências geológicas de uma extensa Idade Glacial antiga. Nessa época, um enorme manto ou lençol de gelo cobriu parte da América do Sul, então situada mais perto do Polo Sul.
Indícios dessa Idade Glacial foram também encontrados na África, Índia, Antártida, Austrália, Península Arábica e Nova Zelândia. A duração da glaciação foi muito longa, de cerca de 30 milhões de anos.
Durante toda a Era Paleozoica, as áreas acima estavam unidas, formando o Supercontinente de Gondvana.
Na Era Mesozoica (períodos Jurássico e Cretáceo) o Gondvana fragmentou-se, cada parte movendo-se para a sua posição geográfica atual. No Sul e Sudeste do Brasil, vários tipos de rochas e estruturas geológicas são interpretadas como originadas pela ação do gelo. Dois exemplos notáveis, provavelmente ligados na sua formação, são o varvito de Itu e a rocha moutonnée de Salto, no Estado de São Paulo.
O derretimento do gelo e o recuo da frente da geleira, em direção a Itu, durante a época posterior, mais quente (interglacial), levaria ao acúmulo da água dentro de uma grande depressão do terreno, na frente da massa de gelo, formando um grande lago.
Fonte: painel informativo no parque.
Glaciação
Ao longo da história geológica da Terra, muitas evidências, encontradas nas rochas, indicam que intervalos relativamente longos, de clima “quente”, têm-se alternado com fases relativamente curtas, de clima “frio”.
Durante períodos especiais, chamados de idades glaciais, que ocorrem de tempos em tempos, mantos de gelo com um milhão de quilômetros quadrados, e espessuras de milhares de metros, avançam sobre regiões mais afastadas dos polos, em direção ao Equador. Durante a última idade glacial, ocorrida no Cenozoico, mantos de gelo alcançaram o norte dos Estados Unidos, na América do Norte, e o norte da Alemanha e a Grã-Bretanha, na Europa. As fases de avanço do gelo (glaciações) alternam-se com fases relativamente rápidas (geologicamente falando), quando os mantos do gelo se desintegram e desaparecem pelo degelo (interglaciais), embora um clima frio ainda permaneça. Apesar de ser hoje um país tropical, existem evidências geológicas da ocorrência de pelo menos cinco idades glaciais no Brasil.
Fonte: painel informativo no parque.
Seixos caídos
Um belo exemplar de calhau caído, com cerca de 20 cm de diâmetro, pode ser visto intercalado dentro das camadas do varvito, no lado esquerdo do paredão, mais ou menos a cerca de 3,5m acima do nível do chão, trata-se de um bloco de quartzito.
A superfície sobre a qual o bloco de rocha caiu provocou encurvamento, penetração (rompimento) e enrugamento das camadas interiores. Os sedimentos depositados a seguir vão lentamente cobrindo lateralmente a parte superior dos blocos até envolvê-lo. São depois encurvados e deformados em torno da crista dos blocos pela compactação causada pelo peso das camadas depositadas posteriormente.
Além de pedaços de rocha, outros detritos ou partículas de sedimento, isolados ou formando pequenas lentes ocorrem lateralmente, junto dos blocos, ou dispersos dentro das camadas. Trata-se de partículas liberadas pelo derretimento de icebergs enquanto eles estavam flutuando, ou quando ancoravam no fundo do lago e derretiam no lugar.
Fonte: painel informativo no parque.
Variação da espessura
Uma contagem incompleta das camadas do varvito chegou a mais de 300, o que corresponde a mais de 300 anos de duração do lago. O número total de camadas é difícil de estabelecer porque na parte superior dos paredões a rocha está decomposta.
Como a base (chão) de cada paredão está em diferentes alturas, eles mostram partes diferentes do pacote total de varvito. A tendência geral de diminuição da espessura para cima, essa variação não é, entretanto, regular.
Numerosas camadas de maior espessura podem intercalar-se. Camadas mais espessas de arenito podem refletir épocas em que a água de degelo e os sedimentos por ela transportados foram excepcionalmente abundantes.
A diminuição da espessura para cima é também acompanhada (embora não seja fácil verificar) pela diminuição da granulação dos sedimentos. Camadas mais grossas são mais arenosas, enquanto que camadas mais finas são sílticas.
Fonte: painel informativo no parque.
Feições sedimentares do varvito
Marcas Onduladas. São saliências onduladas visíveis na superfície das camadas sedimentares, originadas por águas correntes ou por ondas. As marcas podem ser simétricas, isto é, com os dois flancos (lados) iguais ou assimétricas, com um dos flancos mais inclinado que o outro. As primeiras são, no geral, produzidas por oscilação da água e as segundas, por água corrente.
O lado mais inclinado nas marcas assimétricas indica o sentido do movimento da corrente.
Marcas Onduladas Migrantes. São formadas pelo deslocamento, na mesma direção, das cristas das marcas onduladas, alternadamente com a deposição de sedimentos, por decantação, que cobrem e protegem as marcas anteriores da sua destruição pelas correntes sucessivas. A migração das marcas produz o aspecto de linhas que se inclinam em relação ao plano das camadas.
Fonte: painel informativo no parque.
Ficamos lá por umas duas horas, tempo para vermos os paredões, dar uma volta e tomar um sorvete. As crianças só queriam saber de correr, e depois quiseram ir no shopping, onde ficamos até umas 18h.