Trilha até a Cachoeira do Tabuleiro

19/04/2014.

A sede do Parque Estadual Serra do Intendente, onde fica a Cachoeira do Tabuleiro, está distante uns 2 km da pousada onde estávamos hospedados (veja post anterior), sendo necessário passar pelo acanhado centrinho do distrito de Tabuleiro, e depois “comer” um terrão danado na estradinha de chão batido.

A entrada no Parque custa R$ 10,00 por pessoa e pode-se fazer três trilhas: a Trilha do Mirante, a Trilha do Alto da Cachoeira (por cima) e a Trilha do Poço da Cachoeira, por baixo.

Existem duas versões para o nome Tabuleiro:

1. O formato plano da serra onde a cachoeira se encontra;
2. As mulheres do distrito faziam doces, colocavam uma trouxinha de pano na cabeça, um pedaço de madeira, e caminhavam até a cidade para vender os doces. O povo da cidade dizia “lá vem as mulheres com o tabuleiro”.

A Trilha do Mirante

Nós fizemos inicialmente a Trilha do Mirante, que não requer tanto esforço e nem preparo físico. Uma pequena subida no começo da trilha e depois é tranquilo.

Ao final da trilha temos uma visão incrível da Cachoeira do Tabuleiro, enxergando com clareza o formato de coração no relevo ao seu redor. Num paredão próximo, curiosamente, há uma formação na rocha em forma de número dois, esculpido pela natureza (ou não?).

Infelizmente nesta época o volume de água não estava tão grande, então havia somente um filete de água na cachoeira.

 

A Trilha do Poço da Cachoeira

Em seguida fomos para a Trilha do Poço da Cachoeira, onde é altamente recomendável, eu diria até que é obrigatório, o acompanhamento de um guia. E a utilização de calçados apropriados. O guia que estava com a gente não aceitou levar na trilha dois turistas que estavam calçando chinelos.

E também não é uma trilha para ser feita com crianças pequenas.  Mas isso ninguém ali do Parque informa. Pagou, entrou. Tanto é que vimos muitas famílias com crianças, algumas bebezinhas…

Na entrada do Parque nós recebemos uma dessas sacolinhas de deixar no câmbio do carro para colocar lixo, contendo um mapa turístico da cidade, um calendário de eventos turísticos do ano, um caderninho falando sobre a cidade, um adesivo sobre queimadas com o número do disk-denúncia, e e um panfleto falando sobre queimadas, seus problemas e como evitá-las.

Obs: a Cachoeira do Tabuleiro fica na Serra do Espinhaço. A Serra do Tabuleiro (ou Parque Estadual da Serra do Tabuleiro) fica no Estado de Santa Catarina.

A trilha é bem acidentada. Com o solo todo formado por rochas, muitas delas soltas ou com areia e terra, em alguns pontos fica bastante escorregadio. Sem contar alguns pontos de descida em 90 graus, onde sem a presença de uma pessoa experiente a chance de acontecer algum incidente é grande. Não tenha pressa para descer.

Só é possível ter ideia do tamanho da cachoeira quando enxergamos o quão pequenas são as pessoas caminhando nas margens do rio, lá em baixo.

Depois do longo trecho de descida, chegamos num pequeno poço onde paramos para descansar. Havia uma pequena queda d’água onde pudemos encher os squeezes e garrafinhas de água, e nos refrescar um pouco.

Dali até o poço da cachoeira o caminho é todo por entre rochas maiores, porém nem todas com o formato adequado para caminharmos. Muito equilíbrio e o apoio de um bastão de caminhada são fundamentais.

Existem alguns poços menores no caminho, aonde as pessoas vão parando para se refrescar e acabam se tornando um obstáculo a mais na trilha, pois elas deixam seus pertences espalhados em qualquer lugar. Há também aqueles que querem chegar mais rápido, ou os que já estão voltando e querem voltar rápido, sem nenhuma noção de que, numa trilha, há outras pessoas ao redor, e a segurança de todos é o que importa.

Vimos muitas pessoas com trajes inadequados fazendo a trilha. Estavam descalças ou vestindo chinelos, com roupinhas de marca, aquela de passar o domingo no shopping e não no meio do mato. Um rapaz torceu feio o pé, pois estava trilhando descalço.

A sensação que temos quando chegamos ao poço da cachoeira é inexplicável. Só estando ali para saber e sentir. E a visão da cachoeira, por baixo, é demais.

Para chegar ao outro lado do poço, basta ter fôlego para nadar os 100 metros que separam as margens. A água estava bastante gelada e o vento ajudava baixar a sensação térmica. O fundo do poço é escuro, devido ao óxido de ferro e matéria orgânica decomposta. Mesmo no raso não é possível enxergar os pés.

 

Na trilha de volta, paramos em um grande poço, o último antes de começar a subida, num local propício para banho, para nadar, e o importante: sem vento. O guia aconselhou entrarmos com roupa mesmo, para fazermos a subida com a roupa molhada, ajudado na hidratação do corpo e reduzindo os efeitos do calor.

Encontramos aquele mesmo rapaz do pé torcido. Estava como apoio de dois bombeiros para fazer o caminho de volta. Disse um bombeiro que ele não tinha condições de colocar o pé no chão.

Depois de muito esforço e exaustos, mas muito satisfeitos, chegamos à sede do parque. E na hora exata, pois um tempo de chuva começava a se formar.

Assim que chegamos de volta à pousada fomos direto para o almoço, pois novamente estava sem energia elétrica no distrito, e a comida, já nos rechauds, poderia esfriar. O almoço tinha arroz, feijão, frango, carne moída, bolinho de chuchu, berinjela à milanesa, abobrinha refogada, farofa, angu e saladas.

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